sábado, 15 de dezembro de 2012

Quando nasci não sabia o processo do saber viver, acreditava na infância que a minha existência era apenas uma brincadeira, um faz de conta qualquer que em algum momento iria sucumbir.
Engraçado, tudo o que adquirimos vem com um manual de instrução, ensinando o que fazer, como usar e principalmente como agir caso ocorra algum defeito. Por que será que a vida não vem com manual de instrução? Será que algum dia alguém nos ensinará como viver? Como usar a vida? Como proceder quando der defeito? Como agir nos picos de dificuldade?
Certamente por mais que o homem seja inteligente, descubra novas tecnologias, nunca ninguém inventará um manual de "Como viver a vida", justamente porque não há como  saber  fazer isso passo a passo se não se viver.
A vida é um ciclo não renovável, ela é finita e não se poderá deixar instruções, porque cada vida é unica, só aprenderemos a ser quem somos descobrindo nossos defeitos,  nossas ações, a partir do momento em que vivermos cada acontecimento dela.
Aprendi a me ver e estou aprendendo a me entender devido às marcas registradas pela minha própria existência. É interessante que não viemos com manual de instrução, mas formamos um registro de vida, no qual nós mesmos somos os leitores e verificamos as coisas que se passaram para saber no que somos bons ou ruins, fortes ou fracos, onde podemos ir ou nunca deveremos ir, e assim, seguir vivendo.
Não podemos adquirir nossa própria existência, mas acredito que se estamos aqui é por um propósito maior, há uma força além do universo.
Minhas perguntas sobre a vida fizeram-me enxergar que ela é aquele presente que não esperávamos ganhar, de uma pessoa que amamos muito e quando ganhamos este presente, cuidamos para que ele não se estrague, não pereça, colocamo-nos no lugar mais lindo, vistoso.
A vida é um verdadeiro presente, o nosso presente e de todos que convivem com nossa presença.
Vamos cuidá-la? Ela merece uma atenção especial.

Cibele Palladino 


domingo, 30 de setembro de 2012

NOTA DE REPÚDIO


A apresentadora Xuxa há algum tempo veio a público e fez uma revelação bombástica: foi abusada quando era criança e isso se estendeu até sua adolescência.
Como pessoa crítica, que busca sempre analisar os fatos, fiquei até 

um tanto comovida com toda sua situação, mesmo achando muito estranho essa revelação ser feita apenas com 50 anos de idade.
Xuxa se vangloria de defender as crianças, ser contra a pedofilia, ao abuso contra o menor em qualquer esfera, mas esses rumores de uma certa ação judicial, me deixaram encabulada, quando ela quis ganhar o direito de tirar um filme e fotos nuas suas do acesso à rede da internet.
Ontem, como pesquisadora que sou, fui buscar na rede esse tal filme e afirmo a vocês leitores, que fiquei escandalizada, pois aquela que luta contra a pedofilia, pelo direito das crianças, havia feito um filme, onde ela era uma das mulheres que abusava de um garoto de mais ou menos 12 anos.
Pergunto a vocês que também vão pensar: será que uma pessoa que foi abusada como ela relatou no programa de televisão, toda emocionada, sentida, cheia de traumas, seria capaz de aceitar participar de um filme onde ela própria abusava de um menino? Será que seus sentimentos todos dilacerados deixaria que ela fizesse esse papel da forma que eu vi que me deixou com o estômago embrulhado?
Ficam as perguntas para se pensar e analisar até onde podemos ser enganados ou o pior, nos deixar enganar, por boa intenções que fizeram encher cofres de dinheiro do próprio enganador.
Até onde golpes de mídia irão penetrar? Até quando o senso comum absolverá "inocências" midiáticas que aparecem para dar seus exemplos e salvar o mundo?
Fico repudiada por ter desperdiçado anos da minha infância "amando" uma apresentadora infantil, que usou de sua imagem para enriquecer e enganar milhares de pessoas.
Quem já foi abusado sexualmente sendo na infância ou não, não teria coragem de protagonizar um filme, atuando nesse papel medíocre e nojento.
Esse filme e essas fotos não têm que sair da rede, pelo simples fato de que as pessoas precisam ver como ela realmente sentiu todo o abuso sofrido em sua vida.
Para lutarmos verdadeiramente por causas sociais, precisamos ser idôneos e verdadeiros, não usar de seu poder de sedução para enganar pessoas e ganhar dinheiro.
Tenho dito: estou repudiada!!

Cibele Palladino



E a política está aí...
Políticos que vão a qualquer velório, sorrisos e cumprimentos nas ruas de pessoas que simplesmente sempre o ignoraram, não sabem nem seu nome, cargos de confiança que por medo de perderem "a boquinha" fazem de tudo 

para que seu candidato ganhe votos para que este possa continuar mais algum tempo ganhando muito e não fazendo nada.
É a política meu povo, política...ainda quero ver tudo se renovar, salário de político e seus assessores sendo "normais" como os nossos que temos que trabalhar arduamente e não receber dignamente, filhos de políticos e seus assessores estudando em escolas públicas e usando o Sistema Único de Saúde, aí sim, veremos quem realmente quer trabalhar para o povo e pelo povo.
Fico indignada com esse período que chega a ser ridículo e mais ridículo ainda é ver populares defendendo o que nem sabem ao menos o que é, incultando em seus filhos preconceitos e palavreados baixos para se referir a certas pessoas que concorrem a algum cargo político.
As pessoas não sabem a importância verdadeira da DEMOCRACIA, aliás nem sabe o que realmente é uma democracia.
Ainda há esperança para a política brasileira? Não sei, só sei que vou continuar crítica, cautelosa e reivindicadora, a política é suja, mas precisamos tentar alertar o maior número de pessoas possível. Se a população soubesse do poder que tem, o Brasil não sofreria tanto quanto sofre nos dias de hoje.
Cuidado com as propagandas em carros, casas, roupas, as pessoas não precisam saber em quem você votará, é preciso que você analise quem é realmente o seu candidato e se ele merecerá seu poderoso voto, não precisamos nos expor, você não precisa deles, eles é quem precisam de você!!
Pensem bem, o que é realmente a política??

Cibele Palladino

domingo, 9 de setembro de 2012

TOME SUA CRUZ

Aceitar a cruz é muito difícil quando achamos que não a merecemos.
Tomar a cruz e seguir requer aceitação, coragem e consciência de que a vida nunca será mais a mesma depois desta passagem.
As cruzes em minha vida já foram muitas, mas a cada uma delas carregada foi a oportunidade de me tornar um pouco mais humana.
No momento das cruzes, certamente, não achamos merecedores das dores apresentadas, mas depois de assimilar todo o processo , o caminho dos espinhos, sempre cheguei a conclusão de que deveria agradecer por isso, pois ele estava dando-me a oportunidade de tornar-me um ser humano melhor.
Eu tomo minha cruz e a aceito como todas as outras que já tive que carregar, todas elas puderam remexer meu interior e me fazer um ser um pouco melhor.
Eu abraço a minha cruz, mesmo não entendendo, mas esperando a vitória!!

Cibele Palladino


sexta-feira, 20 de julho de 2012

FELIZ ANIVERSÁRIO!!

Há um ano comecei a depositar sentimentos neste espaço, pois o amor pelas palavras sempre foi tão grande e o anseio por chegar aos corações palpitava em meu peito até que uma pessoa muito querida me fez pensar em publicar meus escritos, e, assim, nasceu este blog.

Escrever faz-me viajar  no tempo e nos sentimentos e minha alma é obstinada a amar, tenho sede do amor, da bondade e gosto de transportar meus sentimentos na escrita para que eles se perpetuem no universo. A vida passa numa fugacidade extraordinária, os anos correm como o rio ao mar, mas tudo que sentimos, fazemos, sonhamos, conquistamos podem ser eternos se ficarem registrados.

Muitas pessoas já passaram por aqui, pessoas do Brasil e fora dele, fato que me deixou extremamente feliz, pois minhas palavras serviram para alguns corações. Este é um pedacinho do meu coração que abro a todos vocês, nele apresentei críticas, alegrias, sofrimentos...apresentei VIDA, que insiste em ser vivida, que sonha, que almeja, que ama, que vibra!! 

Feliz aniversário "AS PALAVRAS SÃO ETERNAS", que possamos por muito tempo escrever e tocar almas!!


Cibele Palladino


domingo, 29 de abril de 2012

RELATOS SOBRE A EDUCAÇÃO








Estou aqui mais uma vez usando este espaço para fazer uma crítica àquilo que descordo veemente, devido ao que presencio todos os dias no cotidiano escolar.
Nosso Sistema de ensino esmaga a autonomia do professor dentro da sala de aula e brinca com nossa capacidade de sermos educadores.
Temos que suportar muitos tipos de humilhações dentro de uma sala de aula, mas creio que a maior de todas é ter que atribuir notas, méritos a um ser que simplesmente não produz nada...NADA!!
Passei recentemente por um processo que foi difícil de absorver. Tenho vários alunos que não se interessam pelos estudos, mas tenho uma aluna em particular que tem a capacidade de se levantar de madrugada, se arrumar: passa batom, penteia os cabelos das mais variadas formas, chega à escola, se senta e ali fica as quatro horas e meia do período letivo sem fazer absolutamente nada: não copia, não lê, não produz, não escreve...nada, nada, nada.
Estamos encerrando o bimestre e indaguei meus superiores sobre o que fazer com uma criança assim, pois além de tudo isso, tem inúmeras faltas sem justificativas.
A "bomba" estourou, precisei atribuir nota diferente da que lhe cabia. Se um ser não vem à escola, não copia matéria, não participa das aulas, falta em todas as provas, que nota você leitor atribuiria? Eu não tenho como atribuir, pois nada foi produzido.
Mas fui obrigada a dar-lhe nota para que nenhum tipo de processo recaísse sobre mim e sobre a escola, pois a lei protege o aluno que não age por sua vida, mas não protege o professor que luta pela vida do aluno.
Não me encaixo nesse Sistema falido de ensino, que dá méritos sem merecer, que subjuga o valor do professor que se sente acuado para tomar qualquer tipo de atitude coerente com as situações que ocorrem.
Sinto-me como educadora, não pouco qualificada,  uma verdadeira boneca fantoche na mão de um governo hipócrita, que me faz sentir sem valor algum, que me tira a autonomia de cumprir meu verdadeiro papel de ensinar e fazer com que as escolhas dos alunos sejam assumidas pelo caminho bom que escolhem ou ruim.
O Sistema engole o professor acusando-o de não ter "recuperado" o aluno, se acaso não lhe atribuímos notas, mas eu em minha "inocência" educacional pergunto: quem acusa e cobra o aluno que não quer estudar?
Deixo esta pergunta angustiante para mim e tantos educadores pelo país afora e indago mais uma vez: onde vamos chegar deste jeito?
Que país é esse meu Deus? Que país é esse?
O que me deixa mais perplexa é constatar a mediocridade de um povo que se deixa alienar por um governo que simplesmente quer que sua população seja assim, pronta para ser dominada, que vai passar anos no banco da escola e mal vai saber assinar seu nome. 
Dessa maneira o Sistema sorri pela facilidade em ter o poder literalmente nas mãos para brincar de Deus com a população. Os alunos riem dos professores, pois podem fazer e desfazer deles que nada os acontece e o professorado chora por ver o mundo afundar sem o respeito devido com a Educação.
Meu sonho de mudar o mundo através da Educação vai se minguando a cada atitude como esta.
O que fazer? Minhas forças estão acabando.

Cibele Palladino

sábado, 14 de abril de 2012

CARREGO COMIGO


Carrego comigo

há dezenas de anos
há centenas de anos
o pequeno embrulho.
Serão duas cartas?
será uma flor?
será um retrato?
um lenço talvez?
Já não me recordo
onde o encontrei.
Se foi um presente
ou se foi furtado.
Se os anjos desceram
trazendo-o nas mãos,
se boiava no rio,
se pairava no ar.
Não ouso entreabri-lo.
Que coisa contém,
ou se algo contém,
nunca saberei.
Como poderia
tentar esse gesto?
O embrulho é tão frio
e também tão quente.
Ele arde nas mãos,
é doce ao meu tato,
Pronto me fascina
e me deixa triste.
Guardar em segredo
em si e consigo,
não querer sabê-lo
ou querer demais.
Guardar um segredo
de seus próprios olhos,
por baixo do sono,
atrás da lembrança.
A boca experiente
saúda os amigos.
Mão aperta mão,
peito se dilata.
Vem do mar o apelo,
vêm das coisas gritos.
O mundo chama!
Carlos! Não respondes?
Quero responder.
A rua infinita
vai além do mar.
Quero caminhar.
Mas o embrulho pesa.
Vem a tentação
de jogá-lo ao fundo
da primeira vala.
Ou talvez queimá-lo:
cinzas se dispersam
e não fica sombra
sequer, nem remorso.
Ai, fardo sutil
que antes me carregas
do que és carregado,
para onde me levas?
Por que não dizes
a palavra dura
oculta em teu seio,
carga intolerável?
Seguir-te submisso
por tanto caminho
sem saber de ti
senão que sigo.
Se agora te abrisses
e te revelasses
mesmo em formas de erro,
que alívio seria!
Mas ficas fechado.
Carrego-te à noite
se vou para o baile,
De manhã te levo
Para a escura fábrica
De negro subúrbio.
És, de fato, amigo
Secreto e evidente.
perder-te seria
perder-me a mim próprio.
Sou um homem livre
mas levo uma coisa.
Não sei o que seja.
Eu não a escolhi.
Jamais a fitei.
Mas levo uma coisa.
Não estou vazio
não estou sozinho,
pois anda comigo
algo indescritível.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 2 de abril de 2012

VIVER OU EXISTIR?

Sofro, choro, lamento
Quem na vida não teve algum tormento?
Posso caminhar de cabeça baixa
Cruzando os braços e que eu nada faça
Atormentando-me pela dureza da vida
Plantando  sementes
Dizendo que ela nada tem de bonita...
Viver ou existir?
Qual a sua escolha?
Passar por esse mundo vagando
Se subjugando, dizendo 
não posso, só lamentando?
Ou pensa em juntar todas as pedras
que a vida lhe jogou
Fazer um castelo, mas não de horror
Provar-te que as dores existem
Mas Deus quer que persistem
A vontade a garra para viver.
Viver ou existir?
Eu escolho viver
Quero transformar o mundo
Sendo um ser profundo
Fazendo a quem estiver por perto a diferença
Independente de credo, crença.
Apenas existir
Pode levar um ser a sucumbir...
Desistir...
O que eu quero é viver
Mesmo sofrendo, chorando,perdendo
eu quero me arriscar
Viver cada suspiro, cada caminhar
Quero buscar e levar amor
Quero ajudar o próximo na dor.
Viver é melhor que existir


Cibele Palladino






domingo, 25 de março de 2012

Quero que as pessoas me aceitem do jeito que sou, sem se importarem com minha religião, nas coisas que acredito ou do que gosto. 
Não quero que me rotulem por religião, hoje minha visão é outra. Para mim as paredes de uma igreja não têm importância, para mim, Deus tem a importância.
Sou eu quem sinto, sou eu quem pressinto, Deus não me vê de uma forma excludente por não querer ir à igreja, pois o meu Deus não se encontra somente lá, Ele está em todos os lugares, principalmente no meu coração.
Muitas vezes me sinto triste por pessoas me julgarem sem saber meus pensamentos e ideais e muitas vezes mesmo depois de saberem, me julgam como errada.
Eu não me julgo errada e sei que Deus também não.
Eu o amo meu Senhor!!

Cibele Palladino



domingo, 18 de março de 2012

OS ESTATUTOS DO HOMEM (Ato Institucional Permanente)

Artigo I

Fica decretado que agora vale a verdade, que agora vale a vida, e que de mão dadas, trabalharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II

fica decretado que todos os dias da semana, inclusive às terças-feiras mias cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III

Fica decretado que a partir deste instante haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer o dia inteiro abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV

Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu. O homem confiará no homem como o menino confia no outro menino.

Artigo V

fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio, nem a aradura de palavras. O homem se sentará à mesa com seu olha limpo,porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa.

Artigo VI

Fica estabelecida, durante dez séculos,  a prática sonhada pelo profeta Isaías, o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII

Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da caridade e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII

Fica decretado que a maior dor sempre foi e sempre será não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá a planta o milagre da flor.

Artigo IX

Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal do seu suor, mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X

Fica permitida a qualquer pessoa, a qualquer hora da vida, o uso do traje branco.

Artigo XI

Fica decretado, poe definição, que o homem é um animal que ama, e que poe isso é belo,muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII

Decreta-se que nada será obrigado nem proibido. Tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela. Só uma coisa fica proibida: amar sem amor.

Artigo XIII

Fica decretado que o dinheiro, não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal e a festa do dia que chegou.

Artigo XIV

Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.

Thiago Mello